Texto base sobre a importância e as formas de pesquisa para produção do gênero documentário:
A
Pesquisa
O texto da proposta de filmagem é resultado
de uma primeira etapa de pesquisa. Sua função é garantir condições para o
aprofundamento dessa pesquisa para que só então possa ser iniciada a etapa de
filmagem. Rosenthal lista quatro fontes de pesquisa: material impresso,
material de arquivo (filmes, fotos, arquivos de som) e entrevistas.
Seguindo estas etapas, o documentarista
deverá ler tudo aquilo que for possível referente ao assunto escolhido; fazer
um exaustivo levantamento de material de arquivo, entre fotos, filmes e
arquivos sonoros, buscando garantir permissão para uso no filme; fazer
pré-entrevistas com todas as pessoas que possam estar envolvidas com o tema.
Material de arquivo= A utilização de material de
arquivo é recurso frequente adotado pelos documentaristas como forma de
ilustração visual de eventos passados. A busca desse tipo de material
normalmente envolve burocracia e negociação com órgão públicos e privados que
porventura possuam acervo. No caso de acervo familiar, a dificuldade maior é
convencer seus donos à exposição pública do material e requer cuidados
especiais por parte do documentarista.
Pré-entrevistas= Pré-entrevistas marcam o primeiro
contato entre a equipe de pesquisadores, e os possíveis participantes do
documentário. São úteis tanto para fornecer informações, ou mesmo aprofundar
informações já coletadas, como para servir de teste para se avaliar os
depoentes como participantes do filme. Alguns problemas freqüentes relacionados
à pré-entrevista são possíveis situações de resistência ou recusa por parte do
entrevistado em conceder a entrevista (o que depende muito do assunto a ser
abordado).
Essa
estratégia cria dois momentos de entrevista envolvendo documentarista e
entrevistado: a entrevista da pesquisa e a entrevista da filmagem. Muitos dos
assuntos abordados na entrevista da pesquisa acabam sendo repetidos na
entrevista da filmagem o que pode induzir a uma espécie de entrevista encenada
conduzida por um script elaborado na primeira entrevista.
Outra conseqüência dessa estratégia é que,
já na primeira entrevista, se cria um código de comunicação entre
documentarista e entrevistado que, apesar de servir aos propósitos da
pré-produção (organização do material do filme) não está necessariamente
vinculado ao momento da filmagem, é o caso típico do “como eu já havia te dito
antes...”, em que o entrevistado faz referência a essa primeira conversa se
esquecendo que também está falando para os futuros espectadores do filme que
ainda não possuem conhecimento do teor dessa conversa.
(Trecho adaptado e
retirado de Documentário e Roteiro de Cinema: da pré-produção à pós-produção
escrito por Sérgio José Puccini Soares)
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