sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A pesquisa e o documentário

Texto base sobre a importância e as formas de pesquisa para produção do gênero documentário:

A Pesquisa
   O texto da proposta de filmagem é resultado de uma primeira etapa de pesquisa. Sua função é garantir condições para o aprofundamento dessa pesquisa para que só então possa ser iniciada a etapa de filmagem. Rosenthal lista quatro fontes de pesquisa: material impresso, material de arquivo (filmes, fotos, arquivos de som) e entrevistas.
   Seguindo estas etapas, o documentarista deverá ler tudo aquilo que for possível referente ao assunto escolhido; fazer um exaustivo levantamento de material de arquivo, entre fotos, filmes e arquivos sonoros, buscando garantir permissão para uso no filme; fazer pré-entrevistas com todas as pessoas que possam estar envolvidas com o tema.
   Material de arquivo= A utilização de material de arquivo é recurso frequente adotado pelos documentaristas como forma de ilustração visual de eventos passados. A busca desse tipo de material normalmente envolve burocracia e negociação com órgão públicos e privados que porventura possuam acervo. No caso de acervo familiar, a dificuldade maior é convencer seus donos à exposição pública do material e requer cuidados especiais por parte do documentarista.
   Pré-entrevistas= Pré-entrevistas marcam o primeiro contato entre a equipe de pesquisadores, e os possíveis participantes do documentário. São úteis tanto para fornecer informações, ou mesmo aprofundar informações já coletadas, como para servir de teste para se avaliar os depoentes como participantes do filme. Alguns problemas freqüentes relacionados à pré-entrevista são possíveis situações de resistência ou recusa por parte do entrevistado em conceder a entrevista (o que depende muito do assunto a ser abordado).
   Essa estratégia cria dois momentos de entrevista envolvendo documentarista e entrevistado: a entrevista da pesquisa e a entrevista da filmagem. Muitos dos assuntos abordados na entrevista da pesquisa acabam sendo repetidos na entrevista da filmagem o que pode induzir a uma espécie de entrevista encenada conduzida por um script elaborado na primeira entrevista.
   Outra conseqüência dessa estratégia é que, já na primeira entrevista, se cria um código de comunicação entre documentarista e entrevistado que, apesar de servir aos propósitos da pré-produção (organização do material do filme) não está necessariamente vinculado ao momento da filmagem, é o caso típico do “como eu já havia te dito antes...”, em que o entrevistado faz referência a essa primeira conversa se esquecendo que também está falando para os futuros espectadores do filme que ainda não possuem conhecimento do teor dessa conversa.

(Trecho adaptado e retirado de Documentário e Roteiro de Cinema: da pré-produção à pós-produção escrito por Sérgio José Puccini Soares)

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